sexta-feira, 12 de outubro de 2007

O Sonho

Perdoe-me pelo atraso. Tive um sonho que tomou a noite e um pouco do dia. Perdoe-me, por favor!
As nuvens cresciam sobre mim, e gotejavam, seus pedaços fofos...eu os via sentados nos meus ombros, alguns se agarram aos meus cabelos, outros, até me envergonho, se arrastavam aos meus pés.
Elas sorriam e choravam, não entendi o que queria me dizer. Mas elas gargalhavam e logo em seguida berravam, berravam e gargalhavam, gargalhavam e berravam. Foi estupidamente macabro, foi gloriosamente estranho.
Mas perdoe-me pelo atraso.
Elas me olhavam, os pássaros também me olhavam e somente eles podiam. Se alimentavam de olhos, mas não dos meus, de todos os olhos, mas os meus perneceram intactos. Eles cantavam canções infernais e barulhentas. Uma criança me olhou e ficou sem olho, foi assustador.
Todos os olhos, todos os pássaros e todas as nuvens. Todas as pessoas me odiavam e me amavam. Era uma estranha relação de amor e ódio, talvez a mais estranha de todo o universo.
De repente vi formigas carregando olhos azuis e verdes. Castanhos? Não, esses eram usados para outra coisa. E olhos azuis e verdes eram levados para lá e para cá, com formigas de quase cinco centímetros marchando. Penso ter visto a primeira de capacete. Os pedaços fofos de nuvens acomodavam os olhos cegos, os abraçavam.
Os pássaros me beijavam.

Perdoe-me por estar lhe contando tais coisas, mas MEU DEUS ONDE ESTÃO SEUS OLHOS?

Um comentário:

Maria Helena Sobral disse...

Acredito q ainda estão comigo...axo que não sou de todo cega. =)

=***